Sintomas da doença tendem a surgir em um estágio mais avançado
Um novo estudo publicado em Lyon, na França, pela Agência Internacional da Pesquisa do Câncer (Iarc, da sigla em inglês) revela que as mortes por câncer de fígado devem aumentar em torno de 55% até 2040, se não for feita uma prevenção primária. De acordo com a análise, divulgada em 2022, 905.700 pessoas receberam o diagnóstico da doença em 2020, levando 830.200 indivíduos a óbito no mundo todo. No Brasil, a estimativa é que surjam 10.700 casos – sendo 6.390 em homens e 4.310 em mulheres – para cada ano do triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
“O carcinoma hepatocelular é o tumor primário de fígado mais comum e mais frequente em pacientes diagnosticados com cirrose (inflamação crônica no fígado), causada principalmente por hepatites B e C, pelo consumo excessivo de álcool e condições como obesidade e diabetes”, informa Maria Helena Rangel, oncologista da Oncoclínicas Belo Horizonte e do Hospital Vila da Serra. O boletim do Ministério da Saúde indica que no país 264.640 pessoas foram diagnosticadas com o vírus da hepatite B e 279.872 com o da hepatite C, entre 2000 e 2021.
A prevenção do hepatocarcinoma começa pela redução dos fatores de risco, como explica a médica. “A transmissão da hepatite B se dá durante a relação sexual desprotegida e pode ocorrer também de mãe para filho durante o parto. A hepatite C ocorre por transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas, uso de materiais não descartáveis e não esterilizados (alicate de unha, material cirúrgico, lâmina de barbear). Por isso, é essencial usar preservativo durante a relação sexual, não compartilhar itens de uso pessoal, esterilizar objetos perfurocortantes, no caso de grávidas, fazer o pré-natal, e se vacinar”, descreve.
“O imunizante contra o tipo B é oferecido a toda a população pelo SUS e também pode ser encontrado na rede privada. O sistema público de saúde também disponibiliza a vacina contra a hepatite A para crianças de 15 meses até 4 anos de idade, e pessoas com risco de doença grave, como hepatopatias crônicas, coagulopatias, portadores do vírus HIV, fibrose cística, trissomias, imunodepressão terapêutica ou doença imunossupressora, doenças de depósito, candidatos a transplante de órgãos sólidos, transplantados de órgãos sólido ou medula óssea, doadores de órgão sólido ou medula óssea cadastrados em programas de transplante, hemoglobinopatias”, acrescenta Maria Helena.
A oncologista alerta que os sintomas do câncer de fígado costumam surgir em um estágio mais avançado, o que dificulta o diagnóstico precoce. “Febre, urina escura, fezes brancas, presença de massa, dor e inchaço abdominal, fraqueza, fadiga, náuseas, vômitos, icterícia (olhos e pele amarelados), perda de apetite e emagrecimento são os principais indicativos. O diagnóstico consiste em exames de sangue e de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética) e biópsia quando necessário”, afirma.
Tipos de câncer de fígado
● Carcinoma hepatocelular – se inicia nos hepatócitos;
● Colangiocarcinoma – proveniente dos ductos biliares do fígado;
● Hepatoblastoma – neoplasia rara que atinge recém-nascidos e crianças, ocorrendo predominantemente abaixo dos três anos, sendo raro após o quinto ano de idade; e
● Angiossarcoma – câncer igualmente raro que se origina nos vasos sanguíneos do fígado.
A Dra. Maria Helena encerra esclarecendo que o tratamento dependerá do estadiamento do tumor e pode envolver procedimento cirúrgico, transplante hepático, ablações e embolizações hepáticas, radioembolização, imunoterapia, terapias-alvo e quimioterapia.
