Trilhas históricas na Estrada Real
A Estrada Real possui um conjunto de trilhas, repleta de histórias e aventuras para todos os gostos. Em meio as belezas naturais, montanhas, cachoeiras e florestas, selecionamos algumas trilhas pelos caminhos, para todos os níveis de caminhada, uma oportunidade para aproveitar ao máximo os patrimônios da Estrada Real e ter uma experiência inesquecível.
Para os amantes de ecoturismo e de uma dose a mais de aventura, as trilhas são um excelente meio de contato com a natureza.
Trilha dos Escravos – Serra do Cipó
Trilha dos Escravos- Foto: portalserradocipo.com.br
Trilha dos Escravos é um lindo percurso que leva na parte de cima da Cachoeira Véu da Noiva na Serra do Cipó. O trajeto tem um pouco mais de 2km e é recheado de belas paisagens e contato com a natureza.
Trilha dos Escravos – Foto: Blog Pé na Trilha
Construída por volta do século 18, pelos escravos, durante o ciclo do Ouro e do Diamante, a Trilha dos Escravos tem uma extensão de 4 metros de largura e 600 metros de comprimento, construída de pedras. A trilha leva ao topo de uma das maiores e mais importantes cachoeiras da Serra do Cipó, a cachoeira Véu da Noiva, com seus 73 metros.
Após o calçamento, a caminhada pela trilha se dará em uma estrada de terra por mais alguns metros, e a mudança de vegetação e o cerrado se abrindo em frente será o indicativo. Da trilha, é possível aproveitar uma linda vista do Morro da Pedreira, e visualizar a região de Cardeal Mota, além é claro de observar a grande diversidade da flora e da fauna da Serra do Cipó.
Trilha Canal dos Ingleses – São João del Rei
Canal dos Ingleses – Foto: Roteiros Vertentes
A Serra do Lenheiro é um convite não só a um cenário deslumbrante, mas também a uma viagem pela história. A trilha Canal dos Ingleses além de descortinar a natureza da Serra do Lenheiro, traz aos caminhantes a oportunidade de um delicioso banho nas piscinas naturais do Ribeirão olho d’água.
Construído, por volta de 1740 em meios aos paredões, o Canal dos Ingleses são obras feitas por mais de 300 escravos, formando aquedutos que serviam para lavar o ouro serra abaixo. A construção inclui túneis, barragens, diques, calhas de madeira sobre vales, além de canais secundários.
A trilha pelo antigo Canal dos Ingleses não é longa, tem cerca de 5km considerando ida e volta. Com cerca de 2 km de extensão, o trecho dos canais, que transportavam água, por gravidade, das nascentes até a área do garimpo, é todo talhado na pedra seguindo a curva de nível pela encosta da serra.

Na trilha ainda há um túnel que corta um bloco de pedra, com 50 metros de extensão, que na época, os construtores tiveram que perfurar para dar continuidade ao canal.
A recompensa é enriquecida pelo visual do topo da serra, de onde se avista a área urbana de São João Del Rei, pela vegetação com flores lindas, pela Gruta do Caititu, pelos cruzeiros marcando a via-sacra ao longo da serra, e outros segredos desses morros.

Continuação da Serra de São José, a Serra do Lenheiro tem altitude máxima de 1.218 metros e possui outros atrativos como, pinturas rupestres, gruta do caititu, poço dos sete metros e poço olho d’agua.
Trilha Canto do Sauá – Maria da Fé

Um dos picos que cercam a cidade de Maria da Fé, o Canto do Sauá acompanha a mesma cadeia rochosa do Pico da Bandeira e se aproxima da sua altitude. Com aproximadamente 1650 metros em relação ao nível do mar, tem vista de 270° para que antigamente era chamado de Sertão da Pedra Branca e hoje abrange dezenas de cidades circunvizinhas à Maria da Fé.
A trilha, nos domínios da Fazenda Pomária, um berço histórico e cultural de Maria da Fé, pode ser feita a pé ou a cavalo, e durante o trajeto o turista conhece melhor a história da fazenda, além das singularidades da fauna e flora, nativas de Mata Atlântica e com paisagens de tirar o fôlego.
A vista privilegiada e ampla é a recompensa, para a cidade de Pedralva, e de outros marcos naturais como a Pedra do Pedrão e a Pedra Branca.

Para quem gosta, é possível acampar no local. Momento único de amanhecer no topo do pico e contemplar o show de cores e a dança do tapete branco de névoa que se forma durante as manhãs na região e um pôr do sol dos mais lindos das redondezas!

E vale a pena lembrar, cuide das trilhas e dos locais de acampamento:
Mantenha-se nas trilhas pré-determinadas, não use atalhos. Os atalhos favorecem a erosão e a destruição de raízes e plantas inteiras.
Mantenha-se na trilha, mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A dificuldade das trilhas faz parte do desafio de vivenciar a natureza. Se você contorna a parte danificada de uma trilha, o estrago se tornará maior no futuro.
Acampando, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar após o impacto. Acampe somente em locais pré-estabelecidos, quando existirem. Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água.
Não cave valetas ao redor das barracas, escolha melhor o local e use um plástico sob a barraca.
Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não corte nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.
Ao percorrer uma trilha, e/ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que ela permanece como se ninguém houvesse passado por ali. Remova todas as evidências de sua passagem. Não deixe rastros!
Estrada Real: VIVA, EXPERIMENTE, DESCUBRA!
Daniel Magalhães Junqueira
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