Caminho dos bandeirantes e índios, de escravos e tropeiros, a Estrada Real traz em suas rotas a história da culinária mineira.
Nas bruacas de couro, pendentes a cada lado das cangalhas ou atravessadas nas selas dos tropeiros, a farinha de milho e de mandioca, o torresmo, o toucinho e a carne salgada de porco e boi, o feijão e o café fizeram história misturando tradições. Um pouco da gastronomia portuguesa, aliado às receitas africanas e a uma pitada da culinária indígena, resultou na variada comida mineira.
O feijão tropeiro, as verduras refogadas, como a couve, o ora-pro-nóbis e a taioba, o tutu com lombo de porco e o frango com quiabo são alguns dos pratos típicos de qualquer lar ou restaurante mineiro. Isso sem falar no pão de queijo, na cachaça, na mandioca e no milho, ingredientes básicos da nossa cozinha.
A gastronomia da Estrada Real tem diferentes aspectos físicos que interferem sobre as características dos produtos e produções locais, como climas, relevos e biomas, mas com as semelhanças históricas e culturais, definidas pelos costumes e tradições incorporados pelos diversos atores que trilharam esses caminhos em busca de riquezas.
Agenética histórica dos garimpeiros das riquezas minerais do estado foi se estabelecendo nos costumes alimentares pelo Caminho dos Diamantes.
Na cidade de Conceição do Mato Dentro, o grande destaque fica por conta dos pastéis de angu da Dona Lélia, patrimônio da cidade, além das cachaças artesanais e dos pratos típicos da culinária local.
Em Morro do Pilar, por estar situado numa antiga parada estratégica das tropas, ficou conhecido como a capital do feijão tropeiro, e agora, os quintais com suas mestras dos fogões é outra marca registrada de Morro, que não podem deixar de ser visitados para degustar os biscoitos fritos no óleo de Indaiá e as diversas quitandas ou os bolinhos de banana verde acompanhados de uma cachacinha da roça.
As festas religiosas trouxeram marcas nos costumes alimentares e, por sua vez, foram reinventadas, como a Festa da Galinha Caipira, no distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras. Em Diamantina, uma receita destaca-se como principal herança do período do garimpo. A galinha cabideira portuguesa, que se transformou no nosso frango ao molho pardo mineiro e ganhou status de Identidade Gastronômica na cidade.
O caminho velho apresenta influências mais marcantes da história e pode ser considerado o caminho das quitandas, dos alambiques e dos doces, com destaque para os biscoitos de São Tiago, os rocamboles de Lagoa Dourada e as cachaças de Coronel Xavier Chaves, que também se destaca pelos queijos artesanais, como o Catauá, produzido com cuidados especiais, se tornando objeto de desejo dos apreciadores deste ícone gastronômico.
Por falar em queijos, indiscutivelmente uma das nossas maiores heranças portuguesas, também receberam a importante companhia de iguarias trazidas mais recentemente por noruegueses: os queijos finos, como o brie, camembert, gorgonzola e outros, produzidos nas cidades de Cruzília, São Vicente e região, ganharam mais visibilidade ainda com a chegada dos parmesões em Alagoa e os queijos de ovelha de Soledade de Minas.
A imigração Alemã definiu a principal identidade gastronômica do Caminho Novo. As rotas das cervejas se iniciam em Petrópolis, seguindo por Itaipava. Em Minas a rota recebe reforço em Juiz de Fora, onde há cerca de 120 anos se estabeleceram os alemães. Ainda no caminho registra-se a produção de cervejas artesanais em Santana dos Montes, onde os pratos da culinária tradicional mineira ganham a companhia da mais nova produção de vinhos do estado, feitos com a uva Sirah.
O caminho mais curto da Estrada Real, o do Sabarabuçu, representa a síntese da cultura alimentar dos demais caminhos.
Em Nova Lima, o circuito das cervejas artesanais é programa imperdível para os apreciadores da bebida, que está transformando a identidade gastronômica local, até então ligada às quitandas, especialmente às quecas, trazidas pelos imigrantes ingleses.
A tradição da jabuticaba, fez com que Sabará se esquecesse do fim do ciclo do ouro e hoje reverenciam o seu ouro negro. A jabuticaba se tornou maior patrimônio e Identidade Gastronômica da cidade, com doces, licores e outros subprodutos adotados pelos mais importantes chefs de cozinha no estado.
A diversidade cultural da Estrada Real é um dos atrativos para o turista viajar pelos seus caminhos, rica em variedade e sabor, é na mesa mineira que se conhece a história do nosso povo. Estrada Real: Uma estrada, seu destino!